Em minha postagem anterior, conhecemos alguns aspectos do exclusivo Almack’s (você pode ler a postagem clicando aqui). Ter aprovação para frequentar os seus nobres salões conferia um enorme prestígio perante a sociedade e seus elevados padrões.
As patronesses do Almack’s possuíam grande influência na Ton e eram as responsáveis por selecionar os candidatos que desejavam frequentar o local que, na época, era considerado como um dos mais badalados.
No período da regência da Inglaterra, não mais do que seis ou sete mulheres influentes formavam o comitê das patronesses. Nos tempos áureos, a formação era constituída por cinco damas inglesas e duas mulheres estrangeiras que conheceremos a seguir.
Lady Jersey – A Patronesse mais exigente
Nascida Lady Sarah Sophia Fane, era filha do décimo conde de Westmorland. Casou-se com o Visconde Villiers, vindo a se tornar uma condessa após o marido herdar o título de quinto Conde de Jersey. Sua sogra, Frances, era famosa por ter sido amante do Príncipe de Wales, que mais tarde seria conhecido como o Príncipe Regente por assumir as rédeas do trono da Inglaterra devido a incapacidade mental do Rei George III.
Lady Jersey faz uma breve aparição em meu último lançamento, Até o Último Amanhecer. Como explicado em minha obra, a condessa ganhou o apelido nada lisonjeiro — e totalmente irônico — de Silence (silêncio) por conta de seu hábito de falar pelos cotovelos. Também era conhecida como Queen Sarah devido a sua grande influência e por ser a herdeira da considerável fortuna de seu avô.
A condessa não era vista como uma das beldades de sua época. Em contrapartida, era admirada por sua inteligência e energia. Possuía um senso de humor que era descrito como aguçado. Para alguns, era vista como rude e mal-educada, com grandes doses de dramaticidade a permear suas aparições na sociedade.
Lady Jersey era conhecida por seus esforços em manter a exclusividade do Almack’s e por ser rigorosa no cumprimento das regras estabelecidas. Nos disputados salões, admitia somente aqueles que demonstrassem extraordinárias aptidões para a dança (pobre Olivia!).
É creditada por ter introduzido a quadrilha no Almack’s em 1815.
Lady Sefton – A Patronesse mais gentil
Maria Margaret Craven, filha do sexto barão Craven, tornou-se a Condessa de Sefton ao contrair matrimônio com um famoso dândi, William Philip Molyneux, Lorde Sefton. Seu marido era um amigo próximo do Príncipe Regente e entrou para a história ao fundar, em 1836, a Waterloo Cup, competição em que cães de caça perseguiam lebres. O famoso evento continuou a atrair expectadores até o ano de 2004. Em 2005, entrou em vigor uma lei na Inglaterra que proibia a caçada de animais mamíferos selvagens.
Lorde e Lady Sefton eram notáveis anfitriões da época e contavam com um amplo círculo de amizades. Gostavam de bailes, idas ao teatro e de assistir a ópera.
Lady Sefton era descrita como uma pessoa acessível e de amável disposição.
Nota: Infelizmente, não é possível encontrar nenhuma imagem de Lady Sefton.
Lady Cowper – A Patronesse mais popular
Emily Lamb, irmã de Lorde Melbourne, que se tornaria por duas vezes Primeiro-Ministro da Inglaterra e mentor da Rainha Vitória, transformou-se em uma condessa ao casar-se com o quinto Conde Cowper, aos dezoito anos de idade.
Era admirada por sua sagacidade, tato e afabilidade. Era ela quem acalmava os desentendimentos entre as demais patronesses e quem gentilmente aceitava uma nova debutante nos círculos sociais.
Por anos, Emily manteve um relacionamento fora do casamento com Lorde Palmerston. Após a morte de seu marido, casou-se com o amante em 1839.
Lady Castlereagh – A Patronesse mais elegante
Nascida Lady Amelia Anne “Emily” Hobart, era herdeira do segundo Conde de Buckinghamshire. Casou-se com o líder da Câmara dos Comuns, Visconde Castlereagh, importante figura diplomática durante as últimas campanhas das Guerras Napoleônicas. Apesar da devoção que sentiam um pelo outro, o casal não teve filhos.
Lady Castlereagh costumava acompanhar o marido em suas viagens diplomáticas e foi duramente acusada de esconder a real condição do estado mental de Lorde Castlereagh após seu trágico suicídio em 1822.
Ficou conhecida por assegurar que as portas do Almack´s fechassem, sem exceção, às onze da noite. Não era tão poderosa quanto Lady Jersey ou Lady Cowper, mas ganhar sua aprovação significava plena aceitação na Ton.
Clementina Drummond-Burrell – A Patronesse mais difícil de agradar
Em 1807, com a idade de vinte e um anos, Sarah Clementina casou-se com um dândi de grandes aspirações políticas, Peter Robert Burrell. Era filha de James Drummond, Lorde Perth. Com a morte de seu pai, herdou uma considerável fortuna e propriedades em Perthshire. Sua família era conhecida por ter sido leal a causa jacobita. Após o levante em 1715, os títulos e propriedades foram tomados. O pai de Clementina foi o responsável por reaver as propriedades da família e, em 1797, ganhou o título de primeiro Lorde Perth e de Barão Drummond de Stobhall pelo Rei George III.
Clementina era conhecida por sua altivez e por manter distância de todos que considerava como socialmente inaceitáveis, sendo considerada como a patronesse mais difícil de agradar. Em sociedade, mostrava um comportamento frio e desdenhoso, que só era abrandado quando estava acompanhada por pessoas de seu círculo de amizade.
Nota: Não foi possível encontrar nenhuma imagem de Clementina. A ilustração comumente associada a ela é na realidade sua sogra, Lady Willoughby de Eresby.
Condessa Lieven – A Patronesse mais arrogante
Katharina Alexandra Dorothea von Lieven, nasceu em Riga, no antigo império russo. De família nobre, aos quinze anos casou-se com o tenente-general Christoph Heinrich Fürst von Lieven, que mais tarde receberia o título de Príncipe.
Em 1812, Christoph foi apontado como embaixador russo na corte de St. James. Katharina, ou Dorothea como era conhecida, abusou de seu charme e carisma quando se estabeleceram em Londres, tornando-se rapidamente uma figura de destaque na sociedade. Entre seus amigos, encontravam-se notáveis líderes políticos como o Duque de Wellington, George Canning e Conde Grey.
Era vista como uma pessoa determinada, esperta, altiva e arrogante. O grande senso de importância que atribuía a si mesma conferia-lhe um ar de superioridade. Era implacável ao excluir qualquer pessoa que não tivesse sua aprovação.
Foi a responsável por apresentar a valsa russa no Almack’s por volta de 1813.
Princesa Esterhazy – A Patronesse mais jovem
Sobrinha da Rainha Charlotte, a Princesa Theresa de Thurn e Taxis da Alemanha, casou-se com o Príncipe Paul III Anton Esterhazy da Áustria, que viria a se tornar embaixador na Inglaterra em 1815.
Sua importante posição na Ton deveu-se mais ao papel de seu marido como embaixador — e de sua própria atuação e influência como uma das patronesses do Almack’s — do que por suas conexões com a família real inglesa.
A princesa era descrita como uma dama bonita, baixinha e um tanto quanto roliça. Sua personalidade era vivaz e cativante, e tinha verdadeiro desdém pelos chamados alpinistas sociais.
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