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Foto do escritorAline Galeote

As Patronesses do Almack’s

Atualizado: 13 de jun. de 2023






Em minha postagem anterior, conhecemos alguns aspectos do exclusivo Almack’s (você pode ler a postagem clicando aqui). Ter aprovação para frequentar os seus nobres salões conferia um enorme prestígio perante a sociedade e seus elevados padrões.



As patronesses do Almack’s possuíam grande influência na Ton e eram as responsáveis por selecionar os candidatos que desejavam frequentar o local que, na época, era considerado como um dos mais badalados.


No período da regência da Inglaterra, não mais do que seis ou sete mulheres influentes formavam o comitê das patronesses. Nos tempos áureos, a formação era constituída por cinco damas inglesas e duas mulheres estrangeiras que conheceremos a seguir.



Lady Jersey – A Patronesse mais exigente



Sarah Sophia Fane
Lady Sarah Sophia Fane, Condessa de Jersey. Pintura por Alfred Edward Chalon 

Nascida Lady Sarah Sophia Fane, era filha do décimo conde de Westmorland. Casou-se com o Visconde Villiers, vindo a se tornar uma condessa após o marido herdar o título de quinto Conde de Jersey. Sua sogra, Frances, era famosa por ter sido amante do Príncipe de Wales, que mais tarde seria conhecido como o Príncipe Regente por assumir as rédeas do trono da Inglaterra devido a incapacidade mental do Rei George III.


Lady Jersey faz uma breve aparição em meu último lançamento, Até o Último Amanhecer. Como explicado em minha obra, a condessa ganhou o apelido nada lisonjeiro — e totalmente irônico — de Silence (silêncio) por conta de seu hábito de falar pelos cotovelos. Também era conhecida como Queen Sarah devido a sua grande influência e por ser a herdeira da considerável fortuna de seu avô.


A condessa não era vista como uma das beldades de sua época. Em contrapartida, era admirada por sua inteligência e energia. Possuía um senso de humor que era descrito como aguçado. Para alguns, era vista como rude e mal-educada, com grandes doses de dramaticidade a permear suas aparições na sociedade.


Lady Jersey era conhecida por seus esforços em manter a exclusividade do Almack’s e por ser rigorosa no cumprimento das regras estabelecidas. Nos disputados salões, admitia somente aqueles que demonstrassem extraordinárias aptidões para a dança (pobre Olivia!).

É creditada por ter introduzido a quadrilha no Almack’s em 1815.


 

Lady Sefton – A Patronesse mais gentil



Maria Margaret Craven, filha do sexto barão Craven, tornou-se a Condessa de Sefton ao contrair matrimônio com um famoso dândi, William Philip Molyneux, Lorde Sefton. Seu marido era um amigo próximo do Príncipe Regente e entrou para a história ao fundar, em 1836, a Waterloo Cup, competição em que cães de caça perseguiam lebres. O famoso evento continuou a atrair expectadores até o ano de 2004. Em 2005, entrou em vigor uma lei na Inglaterra que proibia a caçada de animais mamíferos selvagens.



waterloo cup
Waterloo Cup – Ilustração por The Graphic, volume XXVII, no 691, 24 de fevereiro de 1883

Lorde e Lady Sefton eram notáveis anfitriões da época e contavam com um amplo círculo de amizades. Gostavam de bailes, idas ao teatro e de assistir a ópera.


Lady Sefton era descrita como uma pessoa acessível e de amável disposição.


Nota: Infelizmente, não é possível encontrar nenhuma imagem de Lady Sefton.



 

Lady Cowper – A Patronesse mais popular


Lady Cowper
Emily Lamb, Condessa Cowper por William Owen – 1810

Emily Lamb, irmã de Lorde Melbourne, que se tornaria por duas vezes Primeiro-Ministro da Inglaterra e mentor da Rainha Vitória, transformou-se em uma condessa ao casar-se com o quinto Conde Cowper, aos dezoito anos de idade.


Era admirada por sua sagacidade, tato e afabilidade. Era ela quem acalmava os desentendimentos entre as demais patronesses e quem gentilmente aceitava uma nova debutante nos círculos sociais.


Por anos, Emily manteve um relacionamento fora do casamento com Lorde Palmerston. Após a morte de seu marido, casou-se com o amante em 1839.




 

Lady Castlereagh – A Patronesse mais elegante


Amelia Anne Hobart
Lady Amelia (Emily) Anne Hobart, Viscondessa Castlereagh, Marquesa de Londonderry (1772-1829). Sir Thomas Lawrence, PRA (Bristol 1769 ? Londres 1830)

Nascida Lady Amelia Anne “Emily” Hobart, era herdeira do segundo Conde de Buckinghamshire. Casou-se com o líder da Câmara dos Comuns, Visconde Castlereagh, importante figura diplomática durante as últimas campanhas das Guerras Napoleônicas. Apesar da devoção que sentiam um pelo outro, o casal não teve filhos.


Lady Castlereagh costumava acompanhar o marido em suas viagens diplomáticas e foi duramente acusada de esconder a real condição do estado mental de Lorde Castlereagh após seu trágico suicídio em 1822.



Ficou conhecida por assegurar que as portas do Almack´s fechassem, sem exceção, às onze da noite. Não era tão poderosa quanto Lady Jersey ou Lady Cowper, mas ganhar sua aprovação significava plena aceitação na Ton.


 

Clementina Drummond-Burrell – A Patronesse mais difícil de agradar



Em 1807, com a idade de vinte e um anos, Sarah Clementina casou-se com um dândi de grandes aspirações políticas, Peter Robert Burrell. Era filha de James Drummond, Lorde Perth. Com a morte de seu pai, herdou uma considerável fortuna e propriedades em Perthshire. Sua família era conhecida por ter sido leal a causa jacobita. Após o levante em 1715, os títulos e propriedades foram tomados. O pai de Clementina foi o responsável por reaver as propriedades da família e, em 1797, ganhou o título de primeiro Lorde Perth e de Barão Drummond de Stobhall pelo Rei George III.


Clementina era conhecida por sua altivez e por manter distância de todos que considerava como socialmente inaceitáveis, sendo considerada como a patronesse mais difícil de agradar. Em sociedade, mostrava um comportamento frio e desdenhoso, que só era abrandado quando estava acompanhada por pessoas de seu círculo de amizade.


Nota: Não foi possível encontrar nenhuma imagem de Clementina. A ilustração comumente associada a ela é na realidade sua sogra, Lady Willoughby de Eresby.


 

Condessa Lieven – A Patronesse mais arrogante


Lieven
Condessa Lieven. Pintura atribuída a George Henry Harlow, 1814

Katharina Alexandra Dorothea von Lieven, nasceu em Riga, no antigo império russo. De família nobre, aos quinze anos casou-se com o tenente-general Christoph Heinrich Fürst von Lieven, que mais tarde receberia o título de Príncipe.


Em 1812, Christoph foi apontado como embaixador russo na corte de St. James. Katharina, ou Dorothea como era conhecida, abusou de seu charme e carisma quando se estabeleceram em Londres, tornando-se rapidamente uma figura de destaque na sociedade. Entre seus amigos, encontravam-se notáveis líderes políticos como o Duque de Wellington, George Canning e Conde Grey.


Era vista como uma pessoa determinada, esperta, altiva e arrogante. O grande senso de importância que atribuía a si mesma conferia-lhe um ar de superioridade. Era implacável ao excluir qualquer pessoa que não tivesse sua aprovação.


Foi a responsável por apresentar a valsa russa no Almack’s por volta de 1813.


 

Princesa Esterhazy – A Patronesse mais jovem


Princess Esterhazy
Princesa Esterhazy por Holmes, 1835

Sobrinha da Rainha Charlotte, a Princesa Theresa de Thurn e Taxis da Alemanha, casou-se com o Príncipe Paul III Anton Esterhazy da Áustria, que viria a se tornar embaixador na Inglaterra em 1815.


Sua importante posição na Ton deveu-se mais ao papel de seu marido como embaixador — e de sua própria atuação e influência como uma das patronesses do Almack’s — do que por suas conexões com a família real inglesa.


A princesa era descrita como uma dama bonita, baixinha e um tanto quanto roliça. Sua personalidade era vivaz e cativante, e tinha verdadeiro desdém pelos chamados alpinistas sociais.


 

Fontes

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