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Foco

Foto do escritor: Aline GaleoteAline Galeote

Atualizado: 28 de jan.

Sou uma pessoa movida por focos temporários em assuntos que chamam a minha atenção.


Três semanas atrás, eram os livros e documentários sobre serial killers famosos. Li exaustivamente matéria, livros e assisti a documentários sobre Ted Bundy.


Foto: divulgação Darkside
Foto: divulgação Darkside

Na minha viagem de férias, alguém colocou para tocar uma playlist de rock e, em meio a clássicos, ouvimos Smells Like Teen Spirit.


A Aline adolescente era uma garota tímida, quieta e estudiosa.


Eu estava tão interessada em Nirvana quanto estaria por uma ida ao dentista não programada.


Preferia a segurança das letras do Capital Inicial e o pop explosivo de Britney Spears à inquietação que o cenário Grunge dos anos 90 provocava em minha alma.


Eu não queria desafiar o sistema e questionar o modo como o mundo funcionava. Não quebrar as regras era mais a minha praia e eu sentia uma espécie de desespero (daqueles que dá vontade de sair correndo) quando eu ouvia alguma música do Nirvana.


Algo mudou na viagem.


Fui picada pelo bichinho da curiosidade e saiu o foco nos serial killers para dar lugar ao foco de tentar desvendar a mente brilhante e perturbada de Kurt Cobain.


Depois de assistir ao fabuloso documentário Montage of Heck, eu sabia que seria um caminho sem volta.


Passo 90% do tempo em que não estou trabalhando pensando na vida e na obra desse músico trágico de Aberdeen, Washington. E eu não estava preparada para a avalanche aterradora de emoções que queimaria dentro de mim. Estou tão envolvida que me sinto de luto por um cara que morreu há pouco mais de 30 anos.


No início do documentário, somos expostos a vídeos de um menino loirinho de olhos azuis hipnotizantes e uma energia inesgotável. Cobain foi um jovem com sentimentos tão aflorados que sofreu com a separação dos pais, o que provocou mudanças drásticas em seu comportamento, tornando-o um adolescente rebelde e incompreendido em uma dinâmica familiar em que ele já se encaixava.



Em um ano, Kurt morou na casa de quatro familiares diferentes. Ninguém estava interessado em compreender sua alma sensível e estender uma mão para ajudá-lo.


Não é difícil desvendar o que veio a seguir: bullying e rejeição por parte de seus colegas de escola da forma mais dolorida e cruel. Houve uma época em que Kurt deixou que as pessoas pensassem que era homossexual apenas para que o deixassem em paz.


Como escapismo, rendeu-se as drogas. Mas nada seria capaz de refrear sua sensibilidade e sua forma de se expressar através da arte.


Kurt desenhava.


Muito.


Há páginas e páginas de seus esboços e frases que revelam o mais íntimo de sua alma.


Criticava o machismo e a homofobia em uma época em que esses assuntos eram pouco repercutidos. E escancarava sua depressão em gritos silenciosos de ajuda.


O nascimento de sua única filha, Frances Bean Cobain (bean porque Kurt achava que ela parecia um feijao nos exames de ultrassom) deu a Kurt o que ele sempre desejou: pertencer a uma família.


Mas seu relacionamento com Curtney Love uniu duas almas que jamais deveriam ter se encontrado em um relacionamento que foi regado à música e muita heroína.


Por descobrir que Curtney pensou em traí-lo, Kurt tomou uma overdose de remédios.


Um mês depois, deixou suas últimas palavras ao mundo em uma carta de despedida em que dizia que era "melhor queimar de uma vez do que se apagar aos poucos."


Não sei até quando meu foco irá durar, mas eu precisava exorcizar os sentimentos fervilhando aqui dentro.


E se algum dia duvidei de como a arte pode ser libertadora, não duvido mais.


 

Cobain: Montage of Heck

Onde assistir: Prime Video


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